Masoquista

julho 12, 2019
Sei que fluem de mim apenas as pedras e as forcas
As flores me são estranhas como me é estranha a candura
O vermelho que me persegue os pesadelos, colore minhas lágrimas de mártir injustificada
Falo da vocação para ser esta prostituta
comendo na mesa dos santos católicos
falo da insistência em vestir estas vestes de espinhos
que me cutucam os órgãos
em pontos estratégicos de sofrimento
sei que fluem de mim somente as pedras e as forcas
os olhos esbugalhados de asfixia
o coração vazio dos jovens
a violência dos mortos
a maledicência dos suicidas
Ainda assim colocam sob minha cabeça a absurdez
de rosas brancas imaculadas
de sorriso branco imaculado
de perfeição branca imaculada
Olho-me no espelho
Hei de ser apenas a poeira dos teus sapatos
Quiçá o verme do teu cadáver
Hei de ser o nada e ainda assim
sonhar com galáxias
todas as noites de lua cheia.

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