Adeus

abril 30, 2017
Sobre a cama, respirei fundo, escrevendo cada palavra como se tirasse um espinho do peito. Era a última mensagem, de todas as que eu já mandara nos meus cuidados de preocupação, de doçura e de querer bem, e era um pequeno texto tão amargo que cheirava a café velho, esquecido numa garrafa no canto da cozinha. Fora doloroso, cada resposta,cada mentira desmentida feriu como um tapa, senti a mente encher-se de lágrimas, feito um maremoto de vozes entoando um cântico fúnebre. Lá se vai o corpo de uma amizade tão jovem, as senhorinhas lamentam e fofocam a lascívia do golpe final, eu apenas me recolho no meu canto junto ao túmulo, sou o coveiro resignado na sua tarefa diária de enterrar as decepções e aplaudir ainda o amanhecer de um novo dia. Sou esperança nos finais sórdidos. E no meu cemitério não existem flores, apenas a gradual aceitação de que os mortos assim devem permanecer, e que no fim, quem tem ser forte é você para não sucumbir a tentação de ir abraçar os cadáveres. Mesmo que um dia eles tenham dito eu te amo.

6 comentários:

  1. Depois desse texto tão poético, penso que foi uma despedida com glamour.
    Saudações.

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  2. que texto lindo aaaaaaa me achei nele :(

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    1. Que bom lari! Essa era a intenção! Obg por visitar e volte sempre!

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  3. Muitas vezes, precisamos apenas deixar para trás o que nos machuca.

    Beijos!
    Blog: *** Caos ***

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    1. Esse é totalmente o ponto do texto. Obrigada pela visita! Beijos!

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