Doença

agosto 05, 2017
O estômago revira e sinto sintomas iniciais. A doença nervosa ataca meus órgãos, corroendo o cérebro e dilatando as veias do coração. Minhas artérias explodem e um rio de sangue flui de minha boca gritante e aberta, afogando me em absoluto desespero, enchendo meus pulmões de líquido infame. Cuspo palavrões entre dentes rubis, eles caem sobre minha blusa, manchando a de um doloroso e pungente vermelho que logo colore também minhas mãos, minhas pernas, e subitamente, estou uma moribunda debatendo me como louca sobre a cama, com as mãos ao redor do pescoço, tentando livrar me pela força da garganta que me impede de respirar. Estou sufocando, gorgolejando em sangue febril, golpearam-me, dilaceraram-me, esfaquearam-me, estou enfim morrendo. Meu Deus, ajudai-me!
Então o anjo da morte vem para meu colo em delicadas passadas de divindade serena, afaga meu cabelo enquanto esperneio. "Querida, acalma-te, que a vida é eterna, tu morrerás mil vezes do mesmo mal, não aprendes, oh criança tola!"Meus olhos reviram, e num desmaio de dor e medo, apago sobre a cama, exangue e exausta, enquanto o anjo afaga, protetor, meu cabelo. 
Ao abrir os olhos novamente tudo que vejo é o quarto intacto. Sobre minha cama de lençóis brancos e cristalinos está um celular. Eu estou tonta e dolorida, acabara de morrer. Ali está aberta uma foto, desvio os olhos, é apenas um rosto, tento convencer-me. É apenas um rosto que eu esquecera de esquecer. Era um fantasma em minha vida.
"Mas é um fantasma que ela amava"
E isso bastou para que eu morresse de novo.

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