Reconhecimento
Tilintando as taças num banquete da morte, eu me sento no alto do rochedo, trajando flutuantes fios de sangue serpenteando de minhas veias. Em meus olhos há apenas a frieza crua de um ódio inabitado, extinto e longínquo feito os deuses das primeiras eras. Sob os meus pés arrastam se filetes de luz, vaga-lumes atraídos pelo meu aroma doce de pecado eterno. Sou um segundo perdido na noite, a musa de um lobo que uiva fascinado, traindo sua amante lunar. Sou uma sombra carmim, pálida pele, cabelos alourados, anjo do crepúsculo a se pronunciar.
Derramo o vinho sobre meu colo, torno me princesa aclamada, saborosa solidão perdida entre o negrume da floresta. Deixo me seduzir pelos vultos ao meu redor, falo sozinha, balanço meus pés delicados a beira do precipício, amo o perigo, quero daqui me jogar. A própria loucura que me envenena me faz respirar. De minhas asas ensanguentadas pinga também o líquido ardente de uma antiga poção do amor, com um beijo mortal selado. Minhas mãos agora alcoólicas pousam sobre a rocha, tomando impulso para um voo que irei alçar. Abaixo de mim estende se uma brutal encosta, onde corvos grasnam a carnificina dos ancestrais suicidas para lá guiados, solitários. Sinto minha força angelical. Este é o momento. Lanço me em direção ao abismo, para nunca mais voltar.
<3
ResponderExcluirUau!
ResponderExcluirVolte sempre Helena!
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